8.1.10

entre o cá e o lá


Finalizado o curso de arquitectura tomei esta iniciativa perante a minha crescente consciencialização de que a arquitectura não tem realmente fronteiras. Todo o ser humano vive no espaço e cabe-nos a nós arquitectos, poder qualificar esse território e que todos temos direito. A diferença que existe entre os que tem e os que não têm é a razão económica. Começar agora a minha vida profissional é também permitir-me crescer ajudando os que necessitam e para a qual o meu saber pode contribuir.
Tomar consciência dos problemas e das situações com a qual nos deparamos em determinado local e o modo como podemos desenvolver um projecto que possa responder às necessidades da população e do meio em questão. Atender às perspectivas que existem nestes ambientes de pobreza fortemente carenciados é saber identificar o porquê de um novo espaço, uma reciclagem de uso e de que modo esse espaço está subjacente às perspectivas da população. A identificação do problema e o trabalho de campo estão intimamente ligados a estas pessoas carenciadas. Pensar como melhorar a sua qualidade de vida e higiene abrigando ao mesmo tempo uma densidade de população significativa, dependendo do local em questão, é um ponto de partida para entender o crescimento de uma cidade para todos e na qual quero tomar parte activa.
Compreender nestes casos a forte ligação que existe com o poder político e económico, o porquê desta segregação social, ou então situações de calamidade – hoje por exemplo na Indonésia a reconstrução de habitações para as vítimas do Tsunami após anos é ainda um facto bastante presente. A capacidade de aliar a qualidade da construção, ao uso de materiais de baixo custo em uníssono com a mão-de-obra (normalmente local) é também um factor emergente neste tipo de projectos. Construções em taipa ou em bambu são exemplos de materiais aplicados noutros projectos consoante o sítio. Habitação de baixo custo não significa perda de qualidade espacial. Veja-se o trabalho de Filipe Balestra na favela Rocinha, como uma pequena escola pode acolher tamanha importância. A abertura para novas perspectivas de futuro e participação activa destas populações – veja-se o projecto de Alejandro Aravena na Quinta Monroy, hoje muito conhecido por todos nós – é natural para aqueles que nunca tiveram o seu espaço e que vão acumulando novas necessidades através do tempo, ou seja, este projecto permite-se a si ampliar espacialmente. Projectos normalmente com tipologias base que se desenvolvem através do tempo, valorizando e pondo de parte a pobreza.

Fig.1 e 2 - Alejandro Aravena, Quinta Monroy, projecto de habitação, fotografia de Cristóbal Palma

Por último, entender o papel do arquitecto como mediador entre a necessidade dos mais pobres e a viabilidade de projectar - um equipamento ou habitação - que venha reduzir essa carência e ajudar no desenvolvimento desse local, é também atender em que circunstâncias nos encontramos nomeadamente a nível político, económico e sociocultural.


Os países subdesenvolvidos são uma das preocupações de todos nós, mas também os índices de pobreza permanecem por vezes ao nosso lado, na nossa cidade. E que papel activo temos nós? Que questões se deparam para a concretização desses projectos de requalificação?

2 comentários:

ni disse...

that's why i love you :) mt bem x

Eva Evita disse...

thank you my dear, i hope that this help to have more conscious and hope that the world change!